Sabemos que as diferenças entre o texto falado e o texto escrito
são diversas. Entretanto, estigmatizar como errôneo, caótico ou informal o
texto falado não é uma atitude correta. Assim como o texto escrito não
necessariamente segue normas (como exemplo temos uma poesia ou uma música), o
texto falado pode sim estar de acordo com as leis gramaticais e a norma padrão
da lingua. Uma forma de transformar o texto falado em escrito, e vice-versa, é a
retextualização. Atitudes do cotidiano, como anotar uma aula ou contar a alguém
sobre uma notícia encontrada em um jornal é uma forma de retextualizar um
texto. Mas é importante ressaltar que a retextualização deve ser uma
transcrição fidedigna do texto original. Nela, operações de substituição,
seleção, acréscimo, reordenação e condensação devem auxiliar o documentador em
seu trabalho.
Como um exemplo de retextualização,segue abaixo a música Tiro ao Álvaro, de Adoniran Barbosa, e sua retextualização.
Original
De tanto levar
frexada do teu olhar…
meu peito até, parece
sabe o quê,
táubua de tiro ao
Álvaro,
não tem mais onde
furar…
Não tem mais…
táubua de tiro ao
Álvaro,
não tem mais onde
furar…
Seu olhar, mata mais do que bala de carabina
que veneno estricnina
que peixeira de
baiano
teu olhar mata mais
que atropelamento de automóver
mata mais que bala de revórver… ♫♪
De tanto levar flechada do teu olhar
Sabe o que meu peito parece?
Tábua de tiro ao alvo
Não tem mais onde furar...
Não tem mais…
Seu olhar mata mais do que bala de carabina
Que veneno estricnina
Que peixeira de baiano
Teu olhar mata mais que atropelamento de automóvel
Mata mais que bala de revólver…♫♪
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